AVANÇOS NAS TÉCNICAS DE FERTILIZAÇÃO IN VITRO DOBRAM CHANCES DE SUCESSO


Samuel com os pais Neyla e Luiz Fernando (ao fundo): dos sete embriões gerados no tratamento, análise genética mostrou que só um não tinha defeitos e foi implantado, resultando no bebê que completa um ano na terça-feira – Daniel Marenco

RIO — No fim de 2013, a advogada Neyla Fernandes estava quase perdendo as esperanças de ter um filho biológico. Diagnosticada pela primeira vez com problemas de saúde que dificultam a concepção natural em 1998, desde então ela já tinha recorrido seis vezes a tratamentos de reprodução assistida e se preparava para dar início ao que seria sua sétima e última tentativa numa nova clínica. Aos 43 anos, Neyla sabia que as chances de sucesso eram baixas. Mas, graças aos avanços nas práticas e técnicas de fertilização in vitro (FIV), em especial nos últimos anos, hoje ela e seu marido, o empresário Luiz Fernando da Costa Flores, se preparam para comemorar o primeiro aniversário de Samuel.

Desde o primeiro dos chamados bebês de proveta no Brasil — Anna Paula Caldeira, em 1984 — os métodos de reprodução assistida viram sua efetividade, isto é, gestações bem-sucedidas levadas a termo com o nascimento de crianças saudáveis, mais que dobrar, dependendo da idade da mulher, enquanto os custos dos procedimentos básicos caíram pela metade em dólares. Mas, para mães tardias como Neyla, os principais ganhos chegaram mais recentemente, como análises genéticas detalhadas dos embriões que asseguram uma maior viabilidade dos que são implantados. No caso da advogada, dos sete embriões gerados no último ciclo de tratamento, as análises mostraram que apenas um estava livre de defeitos, justamente o que resultou no Samuel./p>

— Desta vez, o grande diferencial foi mesmo o estudo detalhado dos embriões para escolher exatamente o melhor e mais saudável, já que alguns deles tinham algum tipo de síndrome. Nesses casos as gestações acabam em abortos espontâneos ou as crianças nascem com tantos problemas que logo morrem — conta Neyla. — Eu já estava perdendo as esperanças e não ia tentar mais, então resolvi fazer o estudo, pois com 43 anos não dá mais para contar só com a sorte.

Segundo a advogada, o gasto extra com a análise genética, cerca de R$ 4 mil, “valeu à pena”:

— Quando vi o coração dele batendo no ultrassom, já me senti mãe. Você esquece todo dinheiro gasto, cada tristeza dos tratamentos que não deram certo. Foi um milagre. É muita felicidade e um amor incondicional.

Segundo os especialistas, porém, Neyla ainda é um caso raro na área. Dados da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Rede Lara), da Autoridade para Fertilização Humana e Embriologia do Reino Unido (HFEA, na sigla em inglês) e da Sociedade para Tecnologias de Reprodução Assistida dos EUA (Sart, também na sigla em inglês) mostram um grande e abrupto declínio nas chances de sucesso dos procedimentos a partir de aproximadamente os 38 anos de idade. Ainda assim, os avanços foram expressivos nas últimas décadas. Por volta do início dos anos 1990, mesmo em mulheres mais jovens, com menos de 35 anos, só cerca de 20% dos ciclos de tratamento resultavam no nascimento de uma criança. Hoje, esta taxa alcança 45% ou mais, dependendo da clínica. Já entre as mães tardias como Neyla, as chances de sucesso, que ficavam abaixo de 1%, hoje chegam perto de 5%.

— No caso da Anna Paula Caldeira, tivemos que realizar uns 50 a 60 ciclos até o tratamento ser bem-sucedido — lembra Isaac Yadid, que participou da equipe responsável pelo nascimento do primeiro bebê de proveta brasileiro, cuja mãe, Ilza Caldeira, na época tinha 36 anos, e atualmente é diretor médico da Primordia Medicina Reprodutiva. — Fazíamos coisas que hoje, quando paramos para pensar, achamos uma loucura.


Samuel fará seu primeiro aniversário em 26 de janeiro – Daniel Marenco / Agencia O Globo / Agência O Globo

Entre as “loucuras” apontadas por Yadid estava a transferência de muitos embriões para o útero das futuras mães. Sem conhecimento sobre a viabilidade de cada um deles, os médicos tentavam desta forma aumentar as chances de que pelo menos um “vingasse”. Disso, porém, resultavam vários casos de gestações múltiplas, isto é, de gêmeos, trigêmeos e até quadrigêmeos, o que, por sua vez, elevavam os riscos da gravidez para as mães e os bebês e a probabilidade de abortos espontâneos que levassem ao fracasso dos tratamentos. Hoje, a tendência é implantar o mínimo de embriões possível, o que novamente vai depender da idade da mulher. Para as mais novas, apenas um, enquanto para as mães mais tardias este número pode chegar a três.

— Todas evoluções que vimos nos últimos anos permitiram que tenhamos embriões de melhor qualidade para a implantação e saibamos quais são eles — conta Paulo Gallo, diretor médico da clínica Vida – Centro de Fertilidade e responsável pelo tratamento bem-sucedido de Neyla. — Com isso, aumentamos as taxas de gravidez com menos casos de gemelaridade ao mesmo tempo que melhoramos muito as chances das mulheres mais velhas que fazem o tratamento. Nelas, o diagnóstico genético pré-implantacional evita a transferência de embriões com problemas e, se o embrião se mostrar normal, a taxa de gravidez independe da idade dela e passa a ser igual à de mulheres mais jovens, por volta de 60%.

MÉDICOS ALERTAM SOBRE ADIAR A MATERNIDADE

Os especialistas, no entanto, temem que histórias de sucesso como as de Neyla reforcem a noção, errônea, de que se pode ficar adiando a maternidade na confiança de que os avanços nas técnicas de reprodução assistida garantirão uma gravidez bem-sucedida no futuro. Segundo eles, por mais que haja melhorias, não é possível “brigar com a natureza”, como definiu Marcio Coslovsky, também diretor médico da clínica Primordia. Ele explica que há uma queda vertiginosa na qualidade dos óvulos e, consequentemente, dos embriões deles gerados a partir dos 30 anos de vida da mulher.

— Sim, evoluímos muito nas últimas décadas, mas também vemos cada vez mais mulheres com 42, 44, 45 anos chegando à clínica em busca de ajuda para terem um filho — conta. — Elas têm tudo contra e querem que façamos algo, mas não dá para ficar brigando com a natureza.

Segundo Coslovsky, para evitar a frustração, e o prejuízo, de vários tratamentos sem resultado, a melhor saída é se planejar, congelando óvulos por volta dos 30 anos para uso posterior, já que, também graças aos avanços recentes, não há praticamente mais nenhuma diferença nas chances de sucesso das técnicas, quer se use um óvulo congelado ou um “fresco”. Opinião parecida tem Pedro Monteleone, coordenador-técnico do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo e diretor da Clínica Monteleone de Reprodução Humana:

— Após os 35 anos, a situação fica mais difícil. Podemos ajudar mulheres mais velhas, mas adiar a maternidade tem que ser reavaliado.

PREÇO SÓ NÃO CAIU MAIS POR CAUSA DA ALTA DO DÓLAR

Os avanços na área de reprodução assistida não se limitam a avaliações genéticas dos embriões e novos exames para evitar doenças e aumentar as chances de sucesso dos tratamentos. Mudanças nos equipamentos, ambiente e práticas de laboratório também contribuem para aumentar a taxa de bebês nascidos, assim como para reduzir os custos. Apesar disso, eles não são nada baratos, ainda mais com a alta do dólar. Isto, bem como o medo de contrair zika e correr o risco de ter um bebê com microcefalia, têm feito algumas mulheres adiarem os planos de engravidar.

Devido ao dólar nas alturas, nas clínicas particulares, cada ciclo costuma sair por, em média, R$ 15 mil. E o preço não costuma incluir drogas para estimular a ovulação, e os exames genéticos são pagos à parte. Já em ambientes acadêmicos, como no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, os tratamentos são subsidiados pelo Estado, mas a fila é longa e exclui mulheres que querem ser mães tardias.

— Quando comecei na área, há 20 anos, o custo de cada ciclo ficava entre US$ 5 mil e US$ 7 mil, mas hoje dá para fazer um tratamento por cerca de US$ 3 mil ou menos — diz Pedro Monteleone, coordenador-técnico do Centro de Reprodução Humana do HC-FMSP, que na sua clínica particular cobra R$ 20 mil por ciclo, incluindo a medicação, mais R$ 6 mil pelo diagnóstico genético, se indicado, dependendo do número de embriões avaliados. — Mas hoje podemos encontrar clínicas que oferecem tratamentos de reprodução assistida por R$ 10 mil. Ainda é caro, mas no passado não havia esta possibilidade de procurar preços mais baixos.

Outro especialistas, no entanto, destacam que muitos destes avanços demandam trocas de equipamentos nos laboratórios sujeitas a burocracia e altos impostos, e os medicamentos mais modernos e novos meios de cultura dos embriões também estão bem mais caros aqui devido à alta do dólar.

— No último ano, vimos uma alta de 25% de nossos custos, mas aumentamos os preços em apenas 10%. Estamos sacrificando nossa margem de lucro para não inviabilizar os tratamentos — diz Paulo Gallo, da clínica Vida – Centro de Fertilidade.

Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/avancos-nas-tecnicas-de-fertilizacao-in-vitro-dobram-chances-de-sucesso-18532383

O QUE A GRAVIDEZ FAZ NA SUA PELE

Muitas mudanças ocorrem durante a gravidez. Alergias, irritação, ressecamento e manchas na pele são algumas das alterações. Para ajudar as futuras mães nesta fase a tirar suas dúvidas, a dermatologista Carolina Ferolla responde às perguntas mais frequentes sobre o assunto.

Que tipos de alergias as mulheres podem desenvolver durante a gravidez? Como tratar?

As alergias mais comuns se devem a alguns alimentos ou a bijuterias. Também pode ser causada por desodorantes, perfumes e cosméticos. É recomendável que a grávida use sabonetes neutros e hidratantes sem perfumes.

Por que em algumas mulheres grávidas a acne e erupções ficam mais evidentes?

Durante a gravidez, a pele pode ficar mais oleosa e propensa ao surgimento de acne. É importante lavar o rosto duas vezes ao dia, preferencialmente pela manhã e à noite, com sabonete de ph neutro. Os sabonetes comuns podem irritar a pele e devem ser evitados. Quando usados em pele oleosa tendem a estimular a glândula a produzir mais gordura. No caso de peles secas, eles aumentam de forma considerável o ressecamento. Falando em temperatura da água, ela deve ser de morna a fria para não retirar a oleosidade natural da pele.

As manchas (melasmas) que surgem durante a gravidez são permanentes? É possível evitá-las?

As manchas na pele podem ocorrer em 75% a 90% das grávidas. São provocadas pelo aumento dos hormônios femininos. De cor marrom escura, surgem no rosto, nas bochechas, no nariz e no bigode. Geralmente, aparecem nos três primeiros meses da gravidez e se acentuam no final. Não são permanentes, mas podem demorar até dois anos para sumir, dependendo da profundidade do melasma. Para prevenir, não se exponha diretamente ao sol, use óculos escuros, chapéu e aplique sempre o protetor, no mínimo fator 30. Passado o período de amamentação, o dermatologista pode indicar algum creme clareador.

As estrias aparecem em todas as grávidas? Que tipos de cremes ajudam a evitá-las?

As estrias aparecem no abdômen, coxas e mamas. Isso ocorre por conta do aumento da tensão nos tecidos da pele, que são estendidos muito rapidamente nos meses da gestação. As estrias não desaparecem depois do parto. Para evitá-las, a gestante deve manter o peso adequado durante a gravidez, sem engordar exageradamente, e usar cremes hidratantes com vitaminas A e D. Os óleos de rosa mosqueta, silicone e de amêndoas precisam ser usados em alta concentração.

Mulher grávida pode fazer limpeza de pele?

Antes de tudo, a gestante deve estar tendo uma gravidez normal, sem riscos. Se estiver tudo bem, ela poderá fazer limpeza de pele até microdermo, uma vez que é um processo mecânico e não químico. As grávidas devem optar por tratamentos que não utilizem ácidos, mas que mesmo assim sejam capazes de amenizar o problema da acne, desobstruir os poros e diminuir a produção de óleo e de sebo. Para não afetar a saúde do bebê, deve-se evitar o uso de aparelhos estéticos de alta frequência, produtos esfoliantes, peelings com ácidos e aplicação de toxina botulínica.

Fonte: http://www.paisefilhos.com.br/gravidez/o-que-a-gravidez-faz-na-sua-pele/?offset=1842

MUDANÇA EM ESTILO DE VIDA PODE PREVINIR ABORTO NATURAL

Os cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, constataram que mulheres a partir de 30 anos que consumiam álcool com frequência e trabalhavam à noite durante a gravidez tinham maiores chances de sofrer abortos espontâneos

O estudo, que analisou 91.247 mulheres, disse ainda que levantar mais de 20 kg por dia durante a gestação e estar abaixo ou acima do peso ideal também aumenta o risco de aborto espontâneo.

O aborto espontâneo atinge milhares de mulheres ao redor do mundo. No Brasil, estima-se que uma a cada dez grávidas perca o bebê nos primeiros meses de gravidez.

Prevenção

Os pesquisadores concluíram que somente uma redução dos fatores de risco poderia prevenir os abortos espontâneos. O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Obstetrics and Gynaecology.

“A principal mensagem de nossa pesquisa é que os abortos naturais podem ser prevenidos”, diz Anne-Marie Nybo Andersen, pesquisadora-sênior da Universidade de Copenhague.

Segundo ela, a pesquisa mostra a relativa importância do estilo de vida na incidência de aborto natural, em detrimento de fatores específicos, como a ingestão de determinados medicamentos.

Andersen afirma que, como as descobertas vieram da análise de uma população, elas podem ser aproveitadas por grupos diversos – desde casais a pessoas responsáveis por políticas de maternidade, regulações trabalhistas e apoio a gravidez precoce.

“Todo mundo, jovens homens e mulheres, assim como aqueles que têm responsabilidades políticas, devem ter em mente que a gravidez acima dos 30 anos implica um risco elevado de aborto natural”, acrescenta.

Recomendação médica

O estudo analisou gravidezes ocorridas na Dinamarca entre 1996 e 2002. Os pesquisadores constataram que 3,5% das mulheres sofreram aborto espontâneo.

Os pesquisadores analisaram possíveis conexões entre os abortos naturais e o estilo de vida das grávidas ao coletar dados por meio de entrevistas telefônicas feitas pelo computador.

“Esse estudo é muito interessante em termos de abrangência da população”, afirmou Caroline Overton, porta-voz da Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, associação britânica que reúne profissionais da ginecologia e obstetrícia.

Segundo ela, mulheres que queiram engravidar devem ter uma dieta balanceada, assegurar que não estão “muito magras” ou “com sobrepeso”, parar de fumar e pedirem a seus parceiros para fazerem o mesmo.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/02/140219_aborto_natural_estilo_de_vida_lgb.shtml

PLANOS DE VIDA CONGELADOS


Jessica Tejera se submeteu a um tratamento de congelamento de óvulos. Q. C. ELPAÍS

Jessica Tejera, de 32 anos, nascida nas Ilhas Canárias, não foi pressionada por ninguém em seu trabalho para postergar a maternidade e se dedicar apenas a sua carreira. Nenhum chefe lhe disse que se ela for mãe perderá oportunidades de trabalho, ninguém ameaçou demiti-la. Mas a pressão ambiental está aí. Não em sua empresa, mas na sociedade. Assim como a convicção de que os horários de trabalho espanhóis, que em muitos casos excedem em várias horas os escolares, são pouco compatíveis com a maternidade. “Um filho é uma responsabilidade e exige um tempo que quis dedicar a conquistar meu cargo e demonstrar meu valor”, diz essa funcionária da clínica IVI Las Palmas, que congelou seus óvulos nesse mesmo centro em 2010.

Como Jessica, muitas mulheres sentem que aos trinta anos é hora de conseguir estabilidade no trabalho e deixar a maternidade para depois. Por isso, recorrem ao congelamento de óvulos. O número de mulheres que preservou sua fertilidade dessa forma quase duplicou nos últimos três anos, segundo as estatísticas das clínicas de reprodução assistida que forneceram os dados para este jornal. O centro IVI (Instituto Valenciano de Infertilidade) atendeu, em 2013, 700 mulheres em suas clínicas em toda Espanha, 300 a mais do que em 2012, e preveem que essa cifra continue aumentando em 2014. E cerca de 60 mulheres foram recebidas pelo Instituto Dexeus de Barcelona em 2013, o dobro do ano anterior.

O congelamento de óvulos começou a ser utilizado para dar uma alternativa às mulheres que tinham algum tipo de problema médico, a maioria delas doentes de câncer que se submetiam a tratamentos de quimioterapia. Mas agora o perfil costuma ser o de uma mulher entre 35 e 38 anos, sem parceiro estável, com trabalho e independência econômica, que prefere postergar a maternidade por questões sociais, não médicas. Esse perfil representa 65% do total. Apenas 30% faz isso por motivos oncológicos. E, dentro dos chamados motivos sociais, os mais importantes são a pressão profissional (25%) e a falta de parceiro (75%), segundo as clínicas.

Outro desses casos é o de Lucía, que não dá seu nome real para que não seja reconhecida no banco em que trabalha. O futuro ideal dessa mulher inclui um companheiro e dois ou três filhos: “uma família tradicional”, explica. Mas a ausência de parceiro estável e a vontade de progredir no trabalho esfriam seus planos. Para não deparar com um quero e não posso quando decidir ser mãe, essa madrilenha de 34 anos congelou seus óvulos em julho. “Estou há cinco anos nessa empresa e tenho possibilidades de promoção”, explica. “Se pudesse trabalhar no exterior, o faria. E tudo isso é incompatível com um filho”.

Lucía recorreu então à vitrificação, uma técnica que se disseminou há apenas quatro anos e que aumentou até 90% a sobrevivência dos ovócitos ao serem congelados e descongelados. “Dessa forma, garantimos seu bom estado para quando a mulher desejar usá-los em uma fecundação in vitro”, explica Javier Domingo, médico da clínica IVI Las Palmas.

Diante do progressivo adiamento da maternidade —em 2013 a idade média das espanholas em sua primeira gravidez foi de 30,9 anos, 18 meses a mais do que em 2002—, a fertilidade das mulheres não espera. A partir dos 35 anos, a quantidade e a qualidade dos óvulos diminui. “Aos 37, o semáforo fica amarelo”, explica o doutor Pere Barri, com mais de três décadas de experiência em reprodução assistida e pai da primeira menina de proveta espanhola. “Aos 40, já está vermelho. A possibilidade de um aborto ou de más-formações dispara. Se se quer preservar os óvulos, o ideal é fazê-lo antes”.

Facebook e Apple provocaram uma grande polêmica esta semana ao anunciar que pagarão para suas funcionárias os mais de 30.000 reais que custa o congelamento de óvulos no Silicon Valley. A medida, qualificada de “incentivo profissional”, pretende facilitar a dedicação plena ao trabalho mediante o adiamento da maternidade.

“As funcionárias foram as que se saíram pior da crise”, opina o advogado trabalhista Carlos Javier Galán. Segundo ele, as empresas preferem não contratar mulheres porque são as principais beneficiárias das licenças maternidade (apenas 1,25% dos casais compartilharam a licença em 2014). A própria Mónica de Oriol, presidenta do Círculo de Empresários, garantia há três semanas preferir contratar menores de 25 ou maiores de 45 para evitar “o problema” de uma gravidez em sua empresa. Marisa Soleto, diretora da Fundação Mulheres, constata o problema e acrescenta que se denuncia pouco, ou não se denuncia a “dupla discriminação”. “Se você denuncia e ganha, tem de se reincorporar ao lugar onde foi discriminada, e isso desanima”, ilustra.

A Sociedade Espanhola de Fertilidade desaconselha a fecundação a partir dos 50 anos. “Uma mulher na menopausa poderia gestar com um tratamento hormonal e um embrião implantado”, afirma Eleuterio Hernández, médico da clínica FivMadrid, “mas desde os 45, os riscos aumentam exponencialmente”. Rafael Bernabéu, diretor de três clínicas em Alicante, é taxativo: “O ideal é gestar aos 25 com seu parceiro em sua casa. Mas este não é um mundo ideal. Há uma hostilidade profissional destruidora em relação à maternidade. Oferecemos ampliar o relógio biológico em cinco, dez anos. E isso, no fim, dá mais liberdade à mulher”.

Jessica Tejera espera não ter de tirar seus óvulos do freezer. Quer ficar grávida em 2015, mas pretende fazê-lo de forma natural. Agora tem parceiro estável, casa e estabilidade econômica e profissional. Lucía, no entanto, prefere não estabelecer prazos. “Me esforcei muito em meus primeiros anos de trabalho. Agora quero desfrutar do que tenho e do que me falta conseguir.”

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/01/internacional/1414844557_321633.html

NASCE BEBÊ CONCEBIDO A PARTIR DE ESPERMATOZÓIDE CONGELADO DURANTE 23 ANOS


Xavier Powell, concebido a partir da fertilização in vitro de um esperma de mais de vinte anos de idade (Foto: Reprodução / Channel Nine’s 60 Minutes)

Aos 15 anos de idade, o australiano Alex Powell não pensava na paternidade. Tampouco tinha as preocupações comuns da juventude, já que nesta mesma idade ele recebeu o diagnóstico do Linfoma de Hodgkin (câncer que se origina nos gânglios do sistema linfático).

Segundo os médicos, Alex deveria começar a quimioterapia imediatamente. No entanto, sua madrasta, Patrícia, temia que o tratamento pudesse deixá-lo infértil para o resto de sua vida. Ela então propôs que Alex congelasse seus espermatozoides. Assim, no futuro, ele poderia ter um filho.


Alex e sua madrasta Patrícia, responsável por aconselhá-lo a congelar seus espermatozoides (Foto: Reprodução / Channel Nine’s 60 Minutes)

Com o tempo, Alex se curou do câncer. Duas décadas após a decisão de congelar os espermatozoides, ele conheceu Vi Nguyen, sua atual esposa. A dupla se casou em 2013 e decidiu começar uma família, o que os levou a visitar o banco de espermas.


Casamento de Alex e Vi (Foto: Reprodução / Channel Nine’s 60 Minutes)

Alex e Vi tentaram conceber um bebê a partir da fertilização in vitro durante um ano. Em 2014, um dos espermatozoides de 23 anos de idade funcionou perfeitamente e fecundou o óvulo de Vi. Esse foi o esperma mais antigo da história a ser utilizado para gerar uma criança através do método de fertilização in vitro.


O casal ganhou um certificado do Guinness pelo espermatozoide de Alex ser o mais antigo durante uma bem-sucedida fertilização in vitro (Foto: Reprodução / Channel Nine’s 60 Minutes)

Em junho de 2015, Xavier Powell nasceu. “Quando o meu pai entrou no quarto [do hospital], eu olhei para ele e olhei para meu filho e eu disse ‘pai, quero te apresentar ao meu filho’. Esse foi um dos momentos mais especiais pra mim”, contou Alex ao programa 60 minutes, do Channel Nine.


A família Powell (Foto: Reprodução / Channel Nine’s 60 Minutes)

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2017/01/nasce-bebe-concebido-partir-de-espermatozoide-congelado-durante-23-anos.html

COMO FUNCIONA A REPRODUÇÃO ASSISTIDA


A primeira etapa do procedimento é conhecida como indução da ovulação e é comum às duas técnicas (Ilustração: Luiz Lentini)

Consulta médica.

Uma minuciosa avaliação médica resultará na eleição da técnica certa para cada caso, o que dependerá da análise de testes físicos, provas laboratoriais e exames de imagem. A inseminação artificial (ou inseminação intrauterina) é indicada nos casos de dificuldade de ovulação, alterações anatômicas no colo do útero (que dificultam o encontro do espermatozoide com o óvulo), distúrbios na produção de espermatozoides (baixa quantidade ou pouca mobilidade), mulheres jovens (em torno dos 35 anos) e com função tubária preservada. A fertilização in vitro é a opção para as que têm problemas nas trompas (sequelas de infecção ou endometriose), estão acima dos 35 anos, fizeram ligamentos de trompas ou apresentam obstrução tubária.

Primeira parte: inseminação artificial e fertilização in vitro

A etapa conhecida como indução da ovulação é comum às duas técnicas. Nela, há estímulo do crescimento do maior número possível de óvulos. No segundo dia do ciclo menstrual, inicia-se o uso de um hormônio injetável. A partir do 6º dia, opera-se o controle do estímulo ovariano através do ultrassom. Por volta do 8º ao 10º dia de uso de medicação, verifica-se se há resposta ovariana para uma ou outra técnica. Usa-se, então, um hormônio específico para amadurecer os óvulos e desencadear a ovulação. A partir de agora, as duas técnicas seguem por caminhos diferentes.

Inseminação artificial

De 36 a 42 horas após do início da ovulação, o casal retorna ao centro de reprodução, e os melhores espermatozoides colhidos do marido são inseminados no útero. O procedimento é indolor, não envolve cirurgia e o casal é liberado no mesmo dia. O médico recomenda que o casal tenha relação sexual para que as contrações uterinas e tubárias facilitem a chegada dos espermatozoides até o óvulo. Após 21 dias da inseminação artificial, realiza-se o tão esperado exame de gravidez.

Fertilização in vitro

Nesta técnica, a paciente é submetida à captação de vários óvulos 36 horas após o uso do hormônio. É necessária uma cirurgia denominada punção ovariana por ultrassonografia transvaginal, que deve ser realizada com anestesia, e dura cerca de 20 minutos. Os óvulos são aspirados dos ovários, selecionados e, em seguida, unidos aos espermatozoides para formar os embriões. O marido é convidado à coleta do sêmen para uso da fertilização in vitro dos óvulos. Após um breve repouso, o casal volta para casa. No laboratório, cada óvulo é imerso num recipiente especial, que contém de 50 a 100 mil espermatozoides. Formados, os embriões são colocados em uma estufa, que reproduz as condições ambientais da tuba uterina, onde ficarão até serem formados os blastocistos – estágio final do desenvolvimento embrionário. Após três dias, acontecerá a transferência dos embriões para o útero. Geralmente, são implantados mais de um embrião para aumentar as chances de gravidez (daí ser comum a gemelar). Após 12 dias da transferência, é realizado o exame de gravidez.

Passo a passo

O método da inseminação artificial é composto de três etapas: indução da ovulação, coleta e preparo de sêmen e introdução dos espermatozoides no útero. Já a fertilização in vitro é dividida em quatro etapas: indução da ovulação, coleta de óvulos e da amostra de sêmen, fertilização dos óvulos no laboratório e transferência dos embriões para o útero.

Custo x benefício

A técnica da fertilização in vitro costuma ser mais cara porque é de alta complexidade e exige doses maiores de hormônio para estimular a ovulação. Além disso, ela carece de uma estrutura maior para ser realizada: há necessidade de internação, anestesia para sedação durante a captação de óvulos, mais assistência laboratorial (embriologia) para manipulação de gametas para a formação de um embrião. A inseminação artificial é mais simples, menor e pode ser realizada no próprio consultório. Em média, o custo de uma inseminação artificial varia de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil; a fertilização in vitro custa entre R$ 12 mil e R$ 18 mil. E o tempo de tratamento dependerá muito da resposta ovariana de cada mulher ao estímulo hormonal.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/como-funciona-a-reproducao-assistida/641/#

TESTE SANGUÍNEO PODE PREVER PRÉ-ECLÂMPSIA DURANTE A GRAVIDEZ

Novo exame de sangue pode ajudar os médicos a determinar se uma mulher vai desenvolver uma forma grave de hipertensão arterial, conhecida como pré-eclâmpsia durante a gravidez.

A pré-eclâmpsia pode danificar os rins, fígado e cérebro, e levar a complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascimento e morte fetal.

O novo teste verifica os níveis de uma proteína chamada fator de crescimento placentário (PlGF), e foi avaliado em 625 mulheres britânicas.

De acordo com o estudo, 61% das participantes que desenvolveram pré-eclâmpsia tinham baixos níveis de PlGF.

Os resultados também mostraram que se os níveis de PlGF em uma mulher caem abaixo de um determinado limiar antes de sua 35 ª semana de gravidez, o bebê pode nascer num prazo de 14 dias.

“O teste foi projetado para diferenciar as mulheres com pré-eclâmpsia daquelas com pressão arterial elevada,” afirmou a pesquisadora Lucy Chappell.

“Os testes atuais apenas detectam a doença, nos precisamos prever que ela vai acontecer, evitando sua evolução e os consequentes danos aos órgãos.”

Ao utilizar o teste para identificar mulheres com alto risco de pré-eclâmpsia, “os médicos podem monitorar melhor e tratar a pressão arterial”, disse Chappell.

“Esta detecção precoce também evita internações desnecessárias das pacientes que não são susceptíveis a desenvolver pré-eclâmpsia.” (Isaude.net)

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/como-funciona-a-reproducao-assistida/641/#

COMO O ESTRESSE ATRAPALHA A FERTILIDADE


Xavier Powell, concebido a partir da fertilização in vitro de um esperma de mais de vinte anos de idade (Foto: Reprodução / Wilson Aquino (waquino@istoe.com.br))

A relação entre o estresse e a infertilidade sempre intrigou médicos e pacientes. Afinal, qual é o peso da tensão no processo que dificulta ou impede uma gestação? Pesquisadores da Ohio State University, nos Estados Unidos, apresentaram as primeiras respostas a essa questão. Em um estudo divulgado pela revista científica “Human Reproduction”, eles apontam que as mulheres com altos níveis da enzima alfa-amilase – indicador biológico do estresse encontrado na saliva – possuem 29% menos chances de engravidar a cada mês em comparação àquelas com baixas concentrações da substância. Elas também estão duas vezes mais próximas de serem enquadradas na definição de infertilidade (não conseguem engravidar após um ano de tentativas) do que as menos estressadas.


SUCESSO – Carolina tentou engravidar durante três anos. Ansiosa, não conseguia. Depois da compra de Rocky, reduziu a tensão e hoje espera Mariana

Os cientistas avaliaram 501 voluntárias com idades entre 18 e 40 anos que tentavam engravidar e não apresentavam limitações clínicas ligadas à fertilidade. O acompanhamento se estendeu por 12 meses ou até as mulheres engravidarem. “Pela primeira vez, mostramos que o efeito do estresse é significativo”, afirmou Courtney Lynch, coordenadora da pesquisa.

Os processos pelos quais a tensão prejudica a possibilidade de gravidez estão sob estudo, mas há alguns mecanismos descritos. Um deles é sua consequência negativa para o amadurecimento e transporte do óvulo até o local onde poderia ser fecundado pelo espermatozoide. “O estresse também desencadeia a produção de enzimas que fazem com que o útero não possibilite o desenvolvimento da gestação”, explica o médico João Ricardo Auler, diretor médico da clínica Pró Nascer, do Rio de Janeiro. “Porém, o impacto é maior nas mulheres que estão em tratamento de fertilização, sujeitas a um nível de estresse semelhante ao de mulheres com diagnóstico de câncer”, afirma o especialista Isaac Yadid, membro da Sociedade Americana de Fertilidade. Há outro prejuízo: o estresse propicia a liberação de hormônios que contraem a musculatura uterina e diminuem sua vascularização, podendo, em alguns casos, provocar parto prematuro. “Trabalhos científicos identificam a maior incidência de partos prematuros e bebês de baixo peso entre mulheres com uma rotina de vida atribulada”, confirma a ginecologista Fernanda Frossard, do Rio de Janeiro.

O trabalho americano evidenciou a necessidade de apoio psicológico aos casais. “A maioria dos autores que estudam esse tema enfatiza a necessidade de uma abordagem psicológica nos serviços de reprodução assistida para trabalhar as tensões e frustrações advindas da infertilidade e do seu tratamento”, recomenda Paulo Gallo, professor de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A autora da pesquisa também enfatiza a importância do uso de métodos antiestresse por mulheres que tentam engravidar e, depois de seis meses, ainda não tiveram sucesso. “Elas devem reduzir seu nível de tensão com técnicas como a ioga ou a meditação”, afirmou Courtney à ISTOÉ.

A dermatologista Carolina Peçanha, 35 anos, encontrou outra saída para aliviar a tensão e engravidar – algo que estava tentando havia três anos, período no qual submeteu-se a cinco fertilizações in vitro e a duas inseminações artificiais. Carolina comprou um cachorro. Um mês de convivência com o animal – da raça Shih-tzu e chamado Rocky – reduziu seu estresse e finalmente a nova fertilização deu certo. “Agora espero a Mariana”, conta.

Fonte: http://istoe.com.br/359714_COMO+O+ESTRESSE+ATRAPALHA+A+FERTILIDADE/

MÊS DA MULHER: CONSCIENTIZAÇÃO DA ENDOMETRIOSE

O número assusta, não é? Uma em cada dez mulheres já possuem a doença e todas que menstruam ainda podem desenvolvê-la – o diagnóstico costuma variar entre 8 e 12 anos.


(Foto -Dr. Petta)

Mas o que é a endometriose?

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio – camada que reveste o útero – fora do útero. Apesar de terem algumas semelhanças, o endométrio e a endometriose têm muitas diferenças entre si, o que não nos permite dizer que sejam o mesmo tecido. A endometriose pode atingir órgãos próximos à pelve, como útero, ovários, vagina, ligamentos, intestino, bexiga, apêndice, ou até os mais distantes, como diafragma, pulmões, cérebro, nariz, entre outros.

E quais são os sintomas?

Entre os principais sintomas, estão fortes dores pélvicas (cólicas menstruais), sendo que cerca de 45% a 70% das adolescentes com dores crônicas causadas pela menstruação estão entre as potenciais portadoras de endometriose.

Outro fator que cabe destacar é que a endometriose também é responsável por cerca de 40% a 50% da infertilidade feminina. Portanto, caso você esteja enfrentando dificuldades para engravidar, é fundamental buscar um médico de confiança e investigar.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Brasil participará da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose. A Marcha, que busca políticas públicas que reduzam o tempo médio de diagnóstico, acontecerá em mais de 60 países no dia 19 de março.

Como eu posso participar?

Não precisa ser portadora de endometriose para participar. Mulheres, homens, crianças e idosos podem se juntar a causa e apoiar milhões de portadoras e suas famílias. Você só precisa acessar esse link para fazer o cadastro! Aqui no Brasil a EndoMarcha acontecerá em 9 cidades a partir das 9 horas da manhã:

A líder nacional do evento é a jornalista Caroline Salazar, idealizadora do blog A Endometriose e Eu e também portadora da doença.

Fonte: http://www.daniellenoce.com.br/ideias/endomentriose/

ENDOMETRIOSE: A PRINCIPAL CAUSA DE INFERTILIDADE FEMININA


LarsZahner Photography/Thinkstock/Getty Images

1. O que é endometriose?

O útero das mulheres é revestido de um tecido chamado endométrio. Todos os meses, quando não há gestação, esse tecido descama e é eliminado com o sangue da menstruação. Quando há endométrio em outros órgãos, fora do útero, é diagnosticado endometriose. Esse tecido migra por meio da corrente sanguínea para órgãos como ovários, ligamentos pélvicos, intestinos, bexiga, apêndice e vagina. Em casos mais raros, pode ser encontrado em órgãos distantes, como pulmão, pleura e sistema nervoso central.

2. Por que as mulheres com endometriose sentem dor?

Esse tecido do endométrio, mesmo fora útero, continua sendo estimulado mensalmente pela ação dos hormônios do ciclo menstrual. E isso provoca uma reação inflamatória, o que causa dor quando a mulher menstrua. “A endometriose é a principal culpada pela dor pélvica feminina”, explica Maurício Simões Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose (SBE). “E os seis principais sintomas são: cólica menstrual severa ou que não melhora com remédios, dor durante a relação sexual, dor ao evacuar ou diarreia durante a menstruação, dor para urinar no período menstrual, dores entre as menstruações e, finalmente, infertilidade”, completa Abrão.

3. A endometriose é uma doença comum?

Sim. De acordo com a SBE, de 10 a 15% das mulheres em idade fértil apresentam a doença, ou seja, cerca de 6 milhões de brasileiras. Dessas, cerca de 10% não têm os sintomas do problema, por isso muitas só descobrem quando encontram dificuldade para engravidar. Esse motivo, aliado a diagnósticos tardios, faz com que o tempo médio desde o aparecimento dos sintomas até o diagnóstico seja de, em média, sete anos. Em pacientes com menos de 20 anos de idade, esse tempo aumenta para 12 anos.

4. O que causa a endometriose?

A endometriose foi a doença mais estudada em ginecologia nos últimos 15 anos, mesmo assim, todas as causas ainda não são conhecidas. Existem alguns motivos prováveis, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), “como a menstruação retrógrada, que ocorre quando o fluxo sanguíneo volta pelas tubas uterinas, sendo derramado nos órgãos próximos, como ovários, peritônio e intestino. Outra teoria muito considerada para o desenvolvimento da doença são falhas no sistema imunológico. Outra hipótese estuda a transformação de células, que assumem as características do endométrio, fora do útero”.

5. Endometriose causa infertilidade?

Sim, em muitos casos o diagnóstico tardio causa infertilidade. “Isso acontece quando há acometimento das trompas, órgão que conduz o óvulo ao útero, além de poder se associar a alterações hormonais e imunológicas que dificultariam a gestação”, explica Abrão.

6. Todas as mulheres que têm endometriose são inférteis?

Não. João Dias, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, explica que “a endometriose faz com que o número de óvulos seja menor e menos eficiente. A doença não inviabiliza, mas diminui a chance de gestação”.

7. Por que dizem que a endometriose é a doença da mulher moderna?

Hoje, entende-se que existem mais casos de endometriose porque a mulher menstrua mais, já que retarda a maternidade e tem menos filhos. No início do século 20, a mulher menstruava cerca de 40 vezes e hoje tem, em média, 400 menstruações. Estresse, ansiedade e fatores genéticos também podem estar relacionados à incidência da doença.

8. Endometriose é uma doença nova?

Não. Os primeiros estudos sobre a endometriose datam de 1860, embora com outro nome. No ano de 1927, o médico J. A. Sampson começou a falar que a menstruação retrógrada seria uma das causas da doença.

9. Como é feito o tratamento da endometriose?

A doença pode ser tratada com uma cirurgia denominada laparoscopia ou por meio de medicações. Além disso, ações que melhorem a qualidade de vida, como exercícios, alimentação saudável e psicoterapia, são favoráveis ao tratamento.

10. Por que é tão longo o tempo entre o aparecimento dos sintomas até o diagnóstico da doença?

Porque a mulher demora a procurar o médico e o diagnóstico demora a ser feito. Abrão ressalta que, para obter diagnósticos precisos, “é importante olhar para a paciente e enxergar a mulher como um todo, não como um órgão”.

11. A endometriose causa câncer?

Não é possível garantir, mas os médicos estudam a associação da endometriose com outras doenças, como cistite e câncer.

12. Quem toma pílula anticoncepcional por muito tempo tem menos chance de desenvolver endometriose?

Não existe a comprovação da ligação da pílula anticoncepcional com a endometriose. “Sabemos que a mulher que toma pílula por muito tempo tem menos câncer de ovário e menos câncer de endométrio. Ela pode mascarar os sintomas, mas não existem estudos que comprovem que pílula evite a endometriose”, afirma Abrão.

13. Gravidez cura endometriose?

Abrão explica que essa é uma verdade relativa: “A endometriose é tratada durante a gravidez, mas não quer dizer que a mulher não vai ter a doença depois”.

14. Como sei se tenho endometriose?

O melhor a fazer é procurar o seu médico. Converse, tire todas as suas dúvidas e nunca tome remédios sem consultá-lo. “Cada mulher é uma história”, avisa Abrão.

15. A endometriose tem cura?

“Não podemos dizer que a doença vai ser curada, mas atualmente ela pode ser muito bem administrada”, garante Abrão.

Fonte: http://bebe.abril.com.br/parto-e-pos-parto/endometriose-a-principal-causa-de-infertilidade-feminina/