Gestação tardia e os impactos de postergar a maternidade
Desde a década de 60, o perfil das mães brasileiras tem mudado.
A média de idade das mulheres que engravidam vem aumentando a cada ano e se em um passado próximo o inicio da maternidade era aos 20 anos, hoje a media de idade do primeiro filho supera os 30 anos, com tendência a aumentar cada vez mais.
Pode-se dizer que o aumento da escolarização e da participação da mulher no mercado de trabalho, assim como o controle da natalidade através de métodos contraceptivos são os fatores decisivos nesta mudança.
Muitas mulheres optam por postergar os planos de maternidade para um momento da vida em que já tenham mais independência e alcançado seus objetivos pessoais, profissionais e financeiros.
Mas infelizmente a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. A decisão de postergar a maternidade pode trazer consequências como dificuldades na hora de obter a gravidez.
As mulheres não fazem novos óvulos após o nascimento. A reserva ovariana decresce com a idade. O grau de declínio varia de mulher para mulher, mas, em geral, este envelhecimento fisiológico da qualidade e diminuição da quantidade dos óvulos começa a partir dos 30 anos e aumenta drasticamente após os 35 anos, permanecendo de forma contínua até a menopausa, reduzindo desta forma as chances de gestação natural.
E apesar de todos avanços na medicina, retardar o envelhecimento dos ovários é impossível.
Portanto, o melhor momento para uma mulher engravidar é, sem dúvida, em idade jovem, já que seu potencial reprodutivo ainda está preservado.
Felizmente a Medicina Reprodutiva e as técnicas de Reprodução Assistida, como a Fertilização in vitro, esta ao lado das que sonham em ser mães e podem auxiliar na obtenção da gestação em alguns casos de envelhecimento ovariano precoce ou de mulheres que já atingiram os marcos críticos de idade do ponto de vista reprodutivo.
No entanto, é essencial saber que nenhuma técnica existente nos dias de hoje consegue driblar o efeito da passagem do tempo nos ovários. Para pacientes acima de 40 anos, as taxas de sucesso de fertilização in vitro são menores no mundo todo, mostrando que ainda não se é capaz de superar o envelhecimento ovariano programado de cada mulher.
Para mulheres que planejam postergar a maternidade, é válido fazer avaliações periódicas com ginecologista do seu potencial ovariano para não terem surpresas e saberem qual sua situação concreta de reserva ovariana. Atualmente, o congelamento de óvulos abre uma nova perspectiva para essas mulheres sem problemas de fertilidade, que por algum motivo necessitem postergar o momento da maternidade.
Essa técnica permite a preservação tanto da quantidade como da qualidade dos óvulos, aumentando assim as chances de gravidez no futuro. Quanto mais jovem for a mulher no momento do congelamento, maiores as chances futuras. Entretanto, o congelamento de óvulos deve ser encarado como uma forma de se sentirem mais seguras no futuro e não como uma garantia absoluta de gravidez.
Sem dúvida, a melhor opção para as mulheres ainda é engravidar naturalmente até os 35 anos. Mas havendo impossibilidade, os óvulos devem preferencialmente ser congelados.
Matéria publicada originalmente na Revista Saúde.
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