técnicas de reprodução assistida

Novas técnicas de reprodução tornam possível o sonho de ter um bebê

Pioneira na geração de bebês de proveta em Santa Catarina, Kazue Harada Ribeiro fala sobre as novas técnicas de reprodução assistida

A vontade de proporcionar às famílias catarinenses a realização do sonho de ter um filho foi o que motivou a médica paulista Kazue Harada Ribeiro a criar uma clínica especializada em reprodução humana, em Florianópolis, em 1997.

Kazue Harada Ribeiro trabalha há mais de 30 anos com técnicas de reprodução assistida – Marco Santiago/ND

Mas essa história começou muito antes, quando a atual diretora da Clinifert ainda era estudante de Medicina. Com interesse nos estudos de reprodução humana e na parte hormonal feminina, ela fez residência e trabalhou como
assistente da Faculdade de Medicina, no setor de Esterilidade Conjugal do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Também trabalhou no Centro de Planejamento Familiar de São Paulo, onde fez parte da equipe do professor Dr. Milton Nakamura, responsável pelo primeiro bebê de proveta do Brasil. “Trabalhei com o Dr. Nakamura por vários anos e fui me interessando cada vez mais por essa área que é fascinante, extremamente inovadora e que utiliza tecnologias avançadas”, conta a médica.

Após casar-se com um catarinense, mudou para Florianópolis, onde montou sua própria clínica, sendo pioneira na introdução de novas técnicas de reprodução assistida e na geração dos primeiros bebês de proveta do estado de Santa Catarina. Hoje, seu Centro de Reprodução Humana é referência no tratamento da infertilidade, sendo a única clínica no Estado certificada pela Red Latino Americana Reproducción Assistida.

Passados mais de 20 anos, e com mais de mil nascimentos que aconteceram após sua intervenção, a médica diz que as técnicas evoluíram muito. “Meus bebês de proveta já estão na casa dos 20 anos”, relembra. “Nas últimas duas décadas, a área da reprodução assistida teve uma evolução surpreendente do ponto de vista de novos conhecimentos de medicina molecular e genética, da inovação nos meios de cultura de embriões e dos equipamentos, cada vez mais sofisticados, para o tratamento do casal infértil”, aponta.

Uma das grandes evoluções da FIV (Fertilização in vitro) foi a descoberta da técnica ICSI (Injeção intracitoplasmática do espermatozoide), utilizada até hoje pela Dra. Kazue. Nesse método, basta um único espermatozoide que é selecionado e injetado diretamente dentro do óvulo, obtendo-se altos índices de fertilização. “Essa técnica é muito eficaz e benéfica principalmente em casos de oligospermia grave (baixa contagem de espermatozoides) ou azoospermia (ausência total de espermatozoides no ejaculado) – nesse caso o espermatozoide é obtido diretamente do testículo mediante uma punção com uma agulha delicada ou biópsia – e também para mulheres com poucos óvulos”, detalha.

Quando a reprodução assistida é indicada

Por conta dos avanços na área da reprodução assistida, as chances de engravidar, hoje, são muito maiores do que há 20 anos. ” Antigamente, era comum engravidar por volta dos 21 anos; atualmente, raramente a mulher engravida nessa idade. Ela posterga a maternidade até conseguir estabilidade profissional , financeira ou até ter encontrado o parceiro ideal, de modo que começa a pensar em ter filhos por volta de ou após 35 anos”, aponta a médica.

O problema é que a medicina ainda não conseguiu superar a barreira do “relógio biológico”. Embora a mulher possa engravidar em qualquer idade, há um declínio da fertilidade e as dificuldades são crescentes a partir dos 35 anos, devido a diminuição na quantidade e qualidade dos óvulos. ” Então, aconselhamos que mulheres acima dessa idade, que não conseguem engravidar após um ano de tentativas, procurem ajuda médica”, revela Kazue.

Mulheres por volta dos 40 anos, ou portadoras de ovários policísticos, endometriose ou problemas inflamatórios já diagnosticados, devem procurar um especialista, antes mesmo desse prazo. No caso dos homens, é recomendável fazer sempre um espermograma, exame simples que pode revelar ou descartar algumas causas de infertilidade.

Para escolher o tratamento adequado, tudo começa com uma avaliação médica do casal. “Nem sempre há necessidade de FIV. Às vezes, um tratamento clínico com medicamentos para estimulação ovariana ou antibióticos para tratamento de alguma infecção, pode resolver”, afirma. “Outras vezes, para problemas não muito graves, em mulheres jovens, com tempo de infertilidade não muito longo e problemas masculinos leves, podemos indicar a inseminação intrauterina (ou inseminação artificial).

O método é simples e consiste em preparar o sêmen no laboratório, selecionar os espermatozoides e introduzi-los no útero com um delicado cateter, no momento mais próximo da ovulação, determinado por controle através de exames de ultrassom.

Pioneira nas novas técnicas de fertilização, Dra Kazue também é responsável pelos primeiros bebês de proveta em SC – Marco Santiago/ND

Endometriose e infertilidade

A endometriose atinge de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, em intensidade variável, e é uma das maiores causas femininas de infertilidade. “De um modo geral, quanto mais avançada a enfermidade, maior a dificuldade de engravidar”, explica Kazue.

A doença é caracterizada pelo aparecimento de células do endométrio fora do útero, podendo atingir ovários, trompas, bexiga, intestino, mas sua causa é desconhecida. Na maioria das vezes, provoca dores intensas e progressivas, do tipo cólica menstrual, dor abdominal, alterações urinárias ou intestinais cíclicas (relacionada à menstruação), menstruações irregulares ou abundantes e infertilidade.

“Estamos no mês da endometriose e queremos alertar a população feminina desde a adolescência e os profissionais da saúde de que a doença existe e da importância do diagnóstico precoce, para amenizar a progressão da doença. O tempo médio até o diagnóstico chega a 10 anos”, aponta a médica. Em casos severos, a gravidez só será possível através das técnicas de fertilização assistida.

Acompanhando a evolução social

As técnicas de reprodução assistida também têm beneficiado as novas constituições familiares. No caso de casais homoafetivos femininos, é possível ter filhos através de inseminação intrauterina ou fertilização in vitro, utilizando-se espermatozoides de um banco de sêmen. “Em casos de FIV, os óvulos podem ser coletados de uma das parceiras, fertilizados e implantados no útero de uma delas, dependendo do desejo e das melhores condições de saúde para levar uma gestação”, diz Kazue.

Em casais masculinos, há uma maior complexidade, porque há necessidade de óvulos de uma doadora anônima e um útero de substituição para gerar o bebê, de uma parente de um dos parceiros até o quarto grau e com até 50 anos de idade. Não havendo familiares, pode-se recorrer junto ao Conselho Regional de Medicina para autorização.

A ovodoação é indicada em mulheres mais idosas que desejam engravidar e não possuem boa produção de óvulos ou mesmo mulheres jovens com insuficiência ovariana precoce. E, em casos de produção independente, a mulher pode ser submetida à inseminação intrauterina ou fertilização in vitro, com espermatozoides de banco de sêmen.

Pensando no futuro

Uma grande revolução dentro da medicina reprodutiva foi o aperfeiçoamento dos métodos de congelamento de óvulos. “Atualmente, a técnica de criopreservação de óvulos , denominada Vitrificação, permite uma recuperação de 90 a 95% do material congelado contra 50-70% das técnicas anteriores”, afirma Kazue.

Portanto, congelar óvulos é uma excelente opção para mulheres que querem ser mães mais tarde, ou porque não encontraram o parceiro ideal até determinada idade ou, simplesmente, porque precisam adiar o momento da maternidade. Embora não haja uma garantia absoluta de gravidez, representa uma possibilidade de engravidar mais tarde a partir de óvulos de melhor qualidade.

Mulheres e homens que irão se submeter a tratamento oncológico (radioterapia ou quimioterapia) podem optar pela criopreservação de óvulos e espermatozoides, antes do tratamento contra o câncer. O armazenamento garante a preservação do material genético por tempo longo, indeterminado.

A medicina reprodutiva também abriu caminho para beneficiar casais com anomalias genéticas, através do estudo no embrião antes de sua implantação. “Denominamos isso de diagnóstico genético pré-implantacional. Ele pode ser utilizado por mulheres com idade mais avançada que têm maior risco de anomalias cromossômicas e quando há alguma doença hereditária na família e o casal deseja fazer uma análise prévia e específica sobre essa enfermidade”, aponta a médica.

Além disso, os conhecimentos em fertilização podem levar a novas perspectivas no estudo das células-tronco. “Quem sabe no futuro possamos construir óvulos, assim como se faz com células do pâncreas, por exemplo. A descoberta certamente seria revolucionária, libertando as mulheres do chamado relógio biológico”.

Saiba mais

Na FIV clássica (“bebê de proveta”), os óvulos são retirados da mulher e o sêmen do homem. Após processado no laboratório, os espermatozoides são colocados ao redor do óvulo para que ocorra a fecundação natural. Depois, é feita a transferência para o útero. É uma técnica utilizada em casos mais simples.

Na técnica ICSI, é feita a injeção de um único espermatozoide dentro do óvulo com auxílio de uma micropipeta e microscópio mais sofisticado. Após a injeção, os embriões são acompanhados por um período de três a cinco dias até serem transferidos para o útero da paciente. O método é utilizado para todos os pacientes, em especial no caso de homens com problemas mais severos como a azoospermia.

Na inseminação artificial, o sêmen preparado em laboratório é introduzido no útero, com um cateter delicado sob visão de um equipamento de ultrassom, no momento mais próximo da ovulação.

Em ambas as técnicas, são administradas drogas indutoras da ovulação e realizada a monitorização da ovulação.

Matéria publicada originalmente em NDonline 30/03/2019.

Gestação Tardia

Gestação tardia e os impactos de postergar a maternidade

Desde a década de 60, o perfil das mães brasileiras tem mudado.

A média de idade das mulheres que engravidam vem aumentando a cada ano e se em um passado próximo o inicio da maternidade era aos 20 anos, hoje a media de idade do primeiro filho supera os 30 anos, com tendência a aumentar cada vez mais.

Pode-se dizer que o aumento da escolarização e da participação da mulher no mercado de trabalho, assim como o controle da natalidade através de métodos contraceptivos são os fatores decisivos nesta mudança.
Muitas mulheres optam por postergar os planos de maternidade para um momento da vida em que já tenham mais independência e alcançado seus objetivos pessoais, profissionais e financeiros.

Mas infelizmente a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. A decisão de postergar a maternidade pode trazer consequências como dificuldades na hora de obter a gravidez.

As mulheres não fazem novos óvulos após o nascimento. A reserva ovariana decresce com a idade. O grau de declínio varia de mulher para mulher, mas, em geral, este envelhecimento fisiológico da qualidade e diminuição da quantidade dos óvulos começa a partir dos 30 anos e aumenta drasticamente após os 35 anos, permanecendo de forma contínua até a menopausa, reduzindo desta forma as chances de gestação natural.

E apesar de todos avanços na medicina, retardar o envelhecimento dos ovários é impossível.

Portanto, o melhor momento para uma mulher engravidar é, sem dúvida, em idade jovem, já que seu potencial reprodutivo ainda está preservado.

Felizmente a Medicina Reprodutiva e as técnicas de Reprodução Assistida, como a Fertilização in vitro, esta ao lado das que sonham em ser mães e podem auxiliar na obtenção da gestação em alguns casos de envelhecimento ovariano precoce ou de mulheres que já atingiram os marcos críticos de idade do ponto de vista reprodutivo.

No entanto, é essencial saber que nenhuma técnica existente nos dias de hoje consegue driblar o efeito da passagem do tempo nos ovários. Para pacientes acima de 40 anos, as taxas de sucesso de fertilização in vitro são menores no mundo todo, mostrando que ainda não se é capaz de superar o envelhecimento ovariano programado de cada mulher.

Para mulheres que planejam postergar a maternidade, é válido fazer avaliações periódicas com ginecologista do seu potencial ovariano para não terem surpresas e saberem qual sua situação concreta de reserva ovariana. Atualmente, o congelamento de óvulos abre uma nova perspectiva para essas mulheres sem problemas de fertilidade, que por algum motivo necessitem postergar o momento da maternidade.

Essa técnica permite a preservação tanto da quantidade como da qualidade dos óvulos, aumentando assim as chances de gravidez no futuro. Quanto mais jovem for a mulher no momento do congelamento, maiores as chances futuras. Entretanto, o congelamento de óvulos deve ser encarado como uma forma de se sentirem mais seguras no futuro e não como uma garantia absoluta de gravidez.

Sem dúvida, a melhor opção para as mulheres ainda é engravidar naturalmente até os 35 anos. Mas havendo impossibilidade, os óvulos devem preferencialmente ser congelados.

Matéria publicada originalmente na Revista Saúde.

    

Infertilidade masculina: entenda as causas, mitos e realidade

Homens são responsáveis por aproximadamente 40% dos casos de infertilidade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Infertilidade não é um problema exclusivo das mulheres. Hoje, já se sabe que em 40% dos casais com dificuldade para engravidar, as causas estão relacionadas a problemas masculinos. Daí a importância de considerar a investigação masculina desde o início do tratamento.

Como avaliar a fertilidade do homem?

O primeiro passo é a realização do espermograma, um exame simples que revela dados sobre a quantidade, morfologia e motilidade dos espermatozoides. Dependendo do resultado, deverão ser solicitadas outros exames mais específicos do sêmen, dosagens hormonais, testes genéticos, pesquisa de infecções e ultrassom com doppler de bolsa escrotal.

A idade afeta a fertilidade masculina?

As mulheres vivem a realidade do relógio biológico, com as taxas de fertilidade diminuindo de maneira importante após os 35 anos. Quanto aos homens, existe um mito de que eles se mantêm férteis durante toda a vida.

Entretanto, atualmente, sabe-se que a fertilidade masculina também é afetada com o avançar da idade, através da diminuição da quantidade e qualidade dos espermatozoides, interferindo na capacidade de fertilização e atuando como causa de possíveis anomalias cromossômicas e até abortamentos espontâneos.

Outras causas que afetam a fertilidade masculina:

  • DISTÚRBIOS HORMONAIS: algumas doenças e disfunções afetam a produção de hormonios, que são fundamentais ao funcionamento do sistema reprodutor, como problemas da tireóide, excesso de prolactina, baixa produção hipofisária de FSH e LH, uso de esteroides e anabolizantes, uso de drogas e medicamentos, entre outras;
  • INFECÇÕES: vários tipos de doenças infecciosas, doenças sexualmente transmissiveis como clamidea, ureaplasma, micoplasma, gonorreia, podem causar inflamação nos testículos, comprometendo a produção de espermatozoides ou causando obstrução dos ductos deferentes, condutores dos gametas até o meio externo;
  • VARICOCELE: consiste na dilatação de vasos dos testículos, alterando a circulação sanguínea e temperatura, de modo a afetar as características da produção dos espermatozoides, sendo responsável por até 40% dos casos de infertilidade masculina. O início da doença pode ocorrer já na adolescência. Na maioria das vezes, é uma doença silenciosa, não causando nenhum sintoma;
  • CÂNCER: Alguns tipos de câncer atingem diretamente os órgãos do sistema reprodutor masculino, levando a alterações na produção e qualidade de espermatozoides. Alem disso, a realização do tratamento de quimioterapia ou radioterapia usado em diversos tipos de tumores podem prejudicar a fertilidade. Devido aos altos índices de cura nos tratamentos oncológicos e aumento da expectativa de vida, recomenda-se o congelamento dos espermatozoides para utilização futura, dependendo do parecer da equipe médica do paciente;
  • CAUSAS GENÉTICAS: Alguns fatores genéticos fazem com que o homem não produza espermatozoides ou apresentem maior dificuldade de gravidez ou abortamentos de repetição;
  • AZOOSPERMIA: É definida como ausência de espermatozoides no sêmen, podendo ser:
  1. Obstrutiva: por obstrução dos ductos deferentes, causada por infecções genitais ou ausência congênita de ductos deferentes. A vasectomia é a causa mais comum.
  2. Não obstrutiva: falha na produção dos espermatozoides, sendo necessário considerar causas genéticas. Cerca de 15% dos homens com azoospermia por falta de produção podem apresentar alguma alteração genética. Pode ser decorrente de uso de quimioterápicos, anabolizantes e testosterona em doses altas. Em muitos casos, a azoospermia pode ser uma alteração reversivel, daí a importancia do diagnóstico correto.

Quais são os tratamentos para infertilidade masculina?

Existem diversas possibilidades de tratamento, dependendo da causa da infertilidade. Alguns necessitam de medicações hormonais, outros de cirurgia como a reversão da vasectomia ou correção de varicocele.

Graças aos avanços tecnológicos da Medicina Reprodutiva, atualmente, a maioria dos problemas são solucionados, através de Inseminação intrauterina ou Fertilização In vitro ( ICSI), mesmo em casos de ausência total de espermatozoides no sêmen. A obtenção de espermatozoides nesses casos é feita através de punção ou biópsia testicular.

Hábitos de vida saudáveis:

Alimentação equilibrada e atividade fisica sao duas receitas para a saúde e qualidade de vida de um modo geral e certamente, também para a fertilidade.

O sedentarismo, tabagismo, doenças sexualmente transmissiveis, drogas ilícitas e consumo excessivo de álcool são fatores que prejudicam a produção de espermatozoides.

Tratamentos:

Felizmente, graças aos avanços e tecnologias da medicina reprodutiva, a infertilidade masculina pode, muitas vezes ser corrigida através dos tratamentos de reprodução assistida como a inseminação artificial ou fertilização in vitro. Em casos específicos, também pode-se recorrer a um banco de sêmen para conseguir a gestação.

Artigo publicado originalmente na Revista Saúde.

Reprodução assistida ajuda mulheres na menopausa a engravidar

Reprodução assistida ajuda mulheres na menopausa a engravidar

A menopausa é o período da vida da mulher no qual seus folículos ovarianos chegam ao fim e o ciclo menstrual se interrompe. Caracteriza-se pela ausência de menstruação por 12 meses consecutivos, comumente, associada com sintomas vasomotores, como fogachos( calorões), alteração da libido, ressecamento vaginal, etc.

Ela ocorre geralmente entre 45 e 55 anos. Quando acontece antes dos 40 anos é definida como menopausa precoce.

Tratamento para engravidar

Se a mulher deseja gestar, uma alternativa é recorrer a técnicas de Reprodução Assistida como a Fertilização in Vitro (FIV), utilizando óvulos de doadoras jovens.

Neste caso, os óvulos da doadora anônima são fertilizados com os espermatozoides do marido da mulher que irá receber. Após a fertilização os embriões são transferidos para o útero da receptora, após preparo do seu útero com hormônios.

Considerações:

É cada vez mais comum encontrarmos mulheres que adiaram o sonho de ser mãe por razões profissionais ou sociais. Toda mulher tem o direito de escolher a melhor idade para ter um filho, mas é importante levar em consideração sua saúde.

O tratamento da infertilidade não é indicado para casos em que a mulher apresente doenças graves ou com grande potencial de complicações durante a gestação como a diabetes e hipertensão arterial mal controlados, doenças cardíacas graves e alterações renais importantes.

Além disso, de acordo com as novas regras do Conselho Federal de Medicina, qualquer tratamento em reprodução humana só é permitido para mulheres com até 50 anos de idade. Quando a mulher tiver ultrapassado esta idade, deve ser solicitada autorização ao Conselho Regional de Medicina para realização do procedimento.

Matéria publicada originalmente na Revista Saúde.

desafios da maternidade tardia - Clinifert

Mãe depois dos 40: conheça as emoções e os desafios da maternidade tardia

Kiara passou pela maternidade tardia. Ela esperou encontrar o parceiro certo para realizar o sonho de formar uma família. Aos 41 anos, ela optou pela fertilização in vitro para ajudar os gêmeos Arthur e Enzo a vir ao mundo

As duas semanas que antecederam o teste de Beta HCG foram provavelmente as mais longas nas vidas de Kiara Soares Bernardes e Jorge Luis Bernardes. Depois da espera e de tentativas frustradas, a possibilidade de gerar um filho era real. Veio então o resultado do exame de sangue e a surpresa viria no ultrassom 10 dias depois, com a confirmação de gêmeos: Arthur e Enzo. Graças aos avanços da medicina, da tecnologia e das pesquisas nas áreas de embriologia e biologia molecular, engravidar depois dos 40 é uma realidade possível.
A decisão de Kiara, 43 anos, por esperar o momento certo para ter filhos não foi baseada em questões profissionais.

– Esperei para ter uma pessoa legal ao lado, um parceiro de verdade. E isso é tão difícil hoje em dia. Nos encontramos e decidimos formar uma família – conta.

O casal começou a tentar engravidar naturalmente ainda antes de Kiara completar 40. Ela já havia sido diagnosticada previamente com endometriose, doença caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) em órgãos como trompas, ovários, intestinos e bexiga e que é uma das causas mais frequentes de infertilidade em mulheres.

– Quando decidi procurar tratamento, eu já tinha feito vários exames e sabia do problema. Eu não esperei. Eu e meu marido sabíamos que não tínhamos saída e que o único caminho seria
a fertilização – lembra Kiara.

O tratamento

Feitos todos os exames necessários para atestar a saúde e verificar não haver nenhuma alteração nos dois pacientes, começa o tratamento. O primeiro passo é o desenvolvimento dos óvulos. Para isso, durante 10 a 12 dias são aplicadas injeções com hormônios e, durante esse período, diariamente é feito ultrassom para avaliar o desenvolvimento.

– A mulher produz normalmente um óvulo por mês. Com a fertilização, é preciso ganhar tempo e ter mais óvulos para ter mais chance de êxito. Estimulamos os ovários com hormônios que fazem os folículos crescerem. Não é uma receita de bolo: para cada mulher há uma dosagem diferente, que pode ser aumentada ou diminuída no decorrer do processo. Quando estiverem maduros e no tamanho certo, planejamos o horário de retirada – detalha a médica especialista em reprodução assistida, Kazue Harada Riveiro.

O tamanho é microscópico: uma agulha entra pela vagina e o óvulo é recolhido por meio de punção. Na sequência é levado para um laboratório e analisado por embriologistas. No mesmo dia, o esperma do homem é recolhido e aí o milagre da vida acontece: a união do óvulo e do espermatozoide.

– Nos dias seguintes, vemos se os dois conseguiram se juntar. Eles vão se dividindo. De duas células passa para quatro, de quatro para oito. E assim vai evoluindo e vamos escolhendo. É emocionante – relata a Dra. Kazue.

O processo todo é rápido. Depois de cerca de 10 dias de tratamento com hormônios, faz-se a retirada dos óvulos e a fertilização. De três a cinco dias depois o embrião é implantado no útero. Dali a duas semanas já se pode fazer testes de gravidez.

– Nem todos os embriões são implantados no útero, mas em geral são colocados mais de um. O critério é por idade. No caso de Kiara, foram colocados quatro. A chance de sucesso é de 20 a 25% por tentativa – explica a médica.

Maternidade tardia - Clinifert

Os gêmeos com Kiara, a Dr. Kazue Harada Ribeiro e o pai Jorge Luis Bernardes. Foto: Betina Humeres

A boa notícia

– Lembro que compartilhei o resultado do exame com a Dra. Kazue e, de imediato, ela soprou que poderiam ser gêmeos. Fiquei feliz. E também assustada. Botei quatro embriões e eu sabia dessa possibilidade. O primeiro ultrassom foi a coisa mais emocionante do mundo, ouvir os coraçõezinhos batendo – lembra.

Kiara teve uma gravidez tranquila e saudável, sem doenças como diabetes gestacional ou hipertensão. Os gêmeos vieram ao mundo depois de 38 semanas de gestação, cada um com 2,5 quilos.

– É um sentimento que, por mais que a gente fale, não tem palavras que expressam o que é a maternidade. Aquele serzinho que sai de ti. Foi a melhor atitude e decisão da minha vida.

O mito

Quando Kiara decidiu ter filhos depois dos 40, o que mais ouvia eram frases do tipo: “você é maluca”, “aos 20 se tem mais energia para cuidar de criança”.

– É mentira. Tu acompanha igual. Busca energia de onde não tem. As crianças passam essa energia. A gente rejuvenesce. Vai se sentindo cada vez mais jovem – opina.

Com mais de 20 anos de experiência em reprodução assistida – a médica inclusive foi uma das pioneiras no Sul do Brasil, Dra. Kazue hoje encontra seus primeiros bebês de proveta já quase adultos.

– De lá para cá, percebo cada vez mais as mulheres com mais de 40 anos procurando tratamento. No começo, creio que se duvidava da possibilidade. Hoje eu percebo que uma mulher de 40 anos é mais madura e emocionalmente preparada para ser mãe – diz a médica.

E embora muitos casais prefiram a discrição em relação a gerar um filho por meio de fertilização, o preconceito é menor e o conhecimento é maior.

– Nunca tive problema para contar, pelo contrário. Para algumas pessoas isso é um tabu. Mas é normal ter dificuldade – afirma Kiara.

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Karen Leidens com sua pequena. Foto: Leo Munhoz

“Eu me preparei. E aí não desisti”

Aos 41 anos, Karen Leidens experienciou todas as intercorrências de uma gravidez de risco, entre elas a diabetes gestacional. A vontade de ser mãe e a maturidade foram fundamentais para seguir adiante e hoje a recompensa é uma bebê forte, linda e saudável. Maria Eduarda Boff é o xodó do irmão mais velho, João Vitor.

A empresária e mãe é um retrato da contemporaneidade, um tempo em que mulheres optam por dedicar-se à vida profissional e, só depois, formar família. Karen dedicou-se à carreira e curtiu a vida a dois até chegar perto dos 35 anos.

– Pensei: é agora. E foi tudo bonito e saudável. Eu trabalhava em Jaraguá do Sul e meu marido morava em Florianópolis. E abdiquei da carreira para ter meu filho. Sou especialista numa área que não tem na Capital. Então, mudei de área. Foi uma escolha – conta.

Foram três anos até o João Vitor ficar mais independente e ele próprio começou a pedir um irmãozinho.

– E agora? Eu tinha 39. Conversei com a minha médica, fiz todos os exames e engravidei, sem tratamento. Mas tive dois abortos seguidos. O primeiro nem formou, foi expelido. O segundo foi com 10 semanas. Fiz ultrassom de emergência e já não estava mais evoluindo. Cheguei a pensar que não queria mais.

Acima dos 35 já é alto risco

O mito dos 35 anos, afinal, não é mito: é fato que uma mulher de 25 anos tem mais óvulos e mais saudáveis do que uma mulher de 40.

– A gente considera já, acima dos 35 anos, uma gravidez de alto risco. Mas não significa que não vai poder engravidar ou que não terá reserva ovariana. Todas as mulheres acima dos 40 conseguirão engravidar? Talvez não. Muitas talvez já tenham uma reserva ovariana prejudicada. É possível? Sim. E é importante que a paciente seja orientada para o fato de que a gestação pode sim ser de alto risco – esclarece a ginecologista e obstetra Luísa Aguiar da Silva, médica que acompanhou as gestações de Karen.

Segundo a médica, conseguir engravidar pode ser difícil, mas é ainda mais comum a dificuldade em manter a gestação.

– Muitas mulheres podem adquirir doenças como trombose placentária, que aumenta risco de aborto em razão das más formações associadas à idade. Risco das cromossomopatias, das doenças genéticas. E têm ainda as doenças da gestação que são oportunistas, como pressão alta e diabetes – complementa.

Apoio para seguir adiante

Para Karen, o apoio e orientação médica foram imprescindíveis para seguir em frente.

– Quando decidi ser mãe, é como se já estivesse preparada para isso. E eu estava pronta para o segundo. Apesar das intercorrências, eu não desisti.

A empresária conta que a primeira gestação transcorreu de forma saudável e tranquila. Já na gestação da Maria Eduarda, vomitou durante os nove meses, teve diabetes, azia e tomava injeções diárias.

– Medo? Passei por duas perdas, então o começo é difícil, porque não se sente nada. As primeiras 12 semanas são mais tensas, mas passou. Com a maturidade, ficamos mais seguras
– diz Karen.

A disposição muda?

Tem quem ateste que o pique para cuidar de uma criança muda com o avanço da idade. Tem quem discorde. Ao comparar as duas experiências, Karen diz ter sentido diferença, mas que foi abençoada duas vezes, porque os dois filhos são calminhos e dormem bastante. Ao mesmo tempo em que bate o cansaço, a maturidade fala mais alto e quem é mãe pela segunda ou terceira vez está mais preparada emocionalmente que uma de primeira viagem.

– Me sinto plena. Para mim está tudo cumprido. Aquele checklist da vida está todo ok. Foi uma decisão que tomei. Preferi esperar, fazer a minha vida e agora viver com eles. E ver o amor entre eles é compensador. Tive conquistas profissionais que talvez com eles não acontecesse. E agora é outro momento – finaliza.

Para a Dra. Luísa, as mulheres estão engravidando mais tarde porque estão inseridas num mercado de trabalho que exige muito tempo.

– Os nossos pais também estão no mercado de trabalho e não conseguem nos ajudar. E esse é um medo comum: querer ter filhos, mas não querer que seja filho de uma babá ou de uma escolinha. E aí vem a sociedade e julga – comenta.

Segundo Karen, a maternidade requer que se abdique de coisas. E quanto mais maduro um casal, melhor, porque sabe que vai ter que abrir mão de algumas coisas.

Quer engravidar? Prepare-se para isso

As dicas de quem já passou por uma gestação depois do 40 anos passam sempre pela preparação: conheça seu corpo, suas limitações, faça exames e busque um profissional para orientar sobre as possibilidades.

O primeiro passo é querer. Não porque a sociedade cobra, mas que seja um desejo genuíno. E depois é importante preparar-se previamente, tomar medicações necessárias, como ácido fólico e ômega 3. Para as mulheres, é fundamental fazer todos os testes para verificar se existe tendência à diabetes. E para os homens, tem que fazer testes como espermograma e outros para avaliar a saúde dos espermatozoides.

– A gente pode avaliar se o casal tem condições de ter filhos ou não, porque depende do homem e da mulher. Com exames, medicações prévias e uma gestação saudável, além do acompanhamento profissional de quem tenha experiência nesses casos ajudam a evitar problemas. O médico tem o dever de informar sobre os riscos e cuidados e encorajar, se é o desejo, ciente dos riscos. E tentando contornar – explica a Dra. Luísa.

Mais difícil e mais arriscado

Os problemas são de várias ordens. Um deles tem a ver com a perda de fertilidade. Até os 30 anos, a chance de uma mulher engravidar no mês, se estiver tentando, é de 25%. Depois dos 40 anos, o índice cai para apenas 10%. Eduardo Passos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, explica que isso ocorre porque, nessa idade, 80% dos embriões são anormais do ponto de vista genético, o que acontece por causa da idade do óvulo. Como consequência, a gestação não vinga.

Nos casos em que a mulher consegue engravidar, surge um outro problema, o dos riscos para a saúde do feto. Em mulheres mais maduras, há mais chance de que a criança tenha uma série de doenças genéticas. A mais comum é a síndrome de Down. No caso de uma mulher de 25 anos, a probabilidade de um bebê nascer com Down é de uma em mil. Se essa mesma mulher engravidar aos 45, a chance é de uma em 30.

Outra dificuldade diz respeito à própria saúde da paciente. Na faixa dos 40 anos, variadas doenças, como hipertensão arterial ou diabetes, tornam-se mais frequentes, o que é um complicador para a gestação. Ela também teve mais tempo de exposição a relações sexuais. Caso não tenha se protegido adequadamente ao longo da vida, é mais provável ter adquirido alguma DST que levou a uma doença inflamatória pélvica, uma das principais causas de infertilidade.

Opções de congelar os óvulos

Existe um jeito de “enganar” a biologia e de deixar a maternidade para mais tarde sem incorrer nos riscos que tal opção normalmente acarreta. Essa saída, cada vez mais utilizada,consiste em congelar óvulos jovens para utilizá-los no futuro. Trata-se de uma estratégia que dribla o principal problema da maternidade tardia, a perda de qualidade dos óvulos devido ao envelhecimento, responsável por diminuir as taxas de fecundidade e aumentar o risco de doenças no bebê.

– Óvulos mais jovens são óvulos mais férteis,que não têm DNA alterado, então diminui a chance de erros cromossômicos. Se o óvulo for congelado jovem,ele manterá esse DNA jovem, o que é um jeito de reduzir as perdas – observa Jaqueline Lubianca, professora de ginecologia da UFRGS.

Especialistas recomendam que as mulheres façam o congelamento até os 35 anos, caso planejem uma gestação para mais tarde. Segundo Eduardo Passos, mulheres que congelam 10 óvulos até essa idade têm 60% de chance de engravidar.

Se fizerem o congelamento depois, a probabilidade cai para 30%. A opção pelo congelamento significa ter uma gravidez aos 40 e poucos anos em condições iguais às que teriam uma década antes,porque as dificuldades para gestar um filho e para tê-lo saudável não estão relacionadas à idade da mulher,e sim à idade do óvulo. Mesmo a amamentação não será um problema. A produção de leite não se altera – a menos que tenha havido alguma cirurgia na mama.

– A gente vê hoje muita paciente que faz prótese cedo e,com a prótese, alguns ductos podem ser seccionados, removidos, o que prejudica a lactação – observa Jaqueline. A técnica para congelar os óvulos é considerada simples. Envolve um preparo de duas semanas,ao qual se segue a retirada, em procedimento ambulatorial. Os óvulos congelados não têm prazo de validade. Uma dificuldade, dependendo da condição financeira da paciente, são os custos. Eduardo Passos afirma que as despesas rondam os R$ 4 mil em medicação e mais R$ 7,5 mil para o congelamento.

 

As exigências sociais

Itamar Melo, especial

As exigências da biologia e as pressões da vida em sociedade têm um pendor ancestral para entrar em conflito, e uma das arenas onde esse confronto se desenrola com maior frequência e angústia, nos dias atuais, é a maternidade. O corpo pede, para o bem da mãe e do bebê, que a gravidez aconteça quando a mulher ainda é jovem, de preferência até os 35 anos.

O sistema social colabora cada vez menos para isso: terminam-se os estudos mais tarde, é preciso fazer aquele estágio ou intercâmbio no Exterior, há que engrenar a carreira primeiro, os casamentos se tornam tardios. Se em um passado não muito distante a preocupação das mulheres costumava ser não engravidar com idade precoce, atualmente o que tira o sono de muitas é não deixar para ser mãe muito tarde – ou mesmo tarde demais.

Esse é o dilema. A mulher vive entre a ânsia de alcançar metas e ambições, por um lado, e o tique-taque ensurdecedor do que parece ser uma contagem regressiva. Como de hábito, quando a biologia e a vida social entram em conflito, a última parece estar levando vantagem. As estatísticas apontam que as brasileiras esperam cada vez mais para ter filhos.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30,9% dos nascimentos concentravam-se em mães de 20 a 24 anos em 2005. Dez anos depois, o percentual nessa faixa etária recuou para 25,1%. Enquanto isso, na faixa dos 30 aos 39 anos, o índice pulou de 22,5% para 30,8%. Um outro levantamento, publicado em 2014, apontou que, entre as mulheres mais instruídas, com 12 ou mais anos de estudo, quase metade só tinha o primeiro filho após os 30 anos.

A questão que atormenta muitas mulheres – e seus companheiros, naturalmente – é até quando postergar sem que se coloque em risco o sonho de ter uma criança, e de que ela seja perfeitamente saudável.

– Existe uma discussão sobre qual a melhor idade para engravidar, do ponto de vista biológico. Não é comprovado, mas seria entre os 24 e os 27 anos. O que acontece é que, quanto mais a paciente quer desenvolver a sua carreira, mais ela vai levando para cima essa idade e mais vão aparecendo dificuldades. O que vemos hoje é um grupo grande que permanece tendo filhos antes dos 20 anos, daí o pessoal se cuida muito dos 20 aos 35, e depois disso começa a crescer de novo. Quando a paciente chega lá pelos 34, 35 anos, já começo a dizer a ela: “Tu tens de dar uma pensada do que vai fazer da tua vida”. A partir dos 37, 38 anos, já começa a ter mais dificuldades – afirma José Geraldo Ramos, professor titular de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Material publicado originalmente em  https://www.revistaversar.com.br/index.php/2018/03/30/maternidade-tardia/

Clinifert na Revista Saúde – Florianópolis

Acompanhe a matéria completa sobre “Reprodução Assistida para casais homoafetivos”. 

 

Clinifert na Revista Saúde – Florianópolis

Acompanhe a matéria completa sobre “Reprodução Assistida para casais homoafetivos”. 

 

Está mais difícil engravidar atualmente?

Está mais difícil engravidar atualmente?

Entre sonhos, carreira profissional, viagens, estabilidade financeira e maior acesso a métodos contraceptivos, a maternidade ocupa hoje uma das últimas posições no checklist da mulher moderna. Mas, será que essa independência pode interferir no desejo de ser mãe?

SIM. A Dra. Kazue Ribeiro, explica que, a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. Com o passar dos anos, inevitavelmente, os efeitos do tempo são sentidos e mulheres e homens funcionam de forma diferente. A mulher nasce com aproximadamente dois milhões de óvulos. Na puberdade, esse número cai para 300 mil óvulos e, diferentemente dos homens que produzem os espermatozoides continuamente, as mulheres não produzem novos óvulos ao longo da vida. À medida que envelhecem, a partir dos 35 anos, além de reduzir a reserva ovariana, a qualidade dos óvulos também vai ficando comprometida e perdendo a capacidade de formar embriões geneticamente saudáveis.

E o homem nesse história?

Os dados atualizados mostram que de 15% a 18% dos casais, do mundo, possuem problemas de infertilidade e não conseguem engravidar sem ajuda médica. De acordo com a Dra. Kazue, o homem também tem peso significativo nos casos de dificuldade de gravidez. Cerca de 35% das causas de infertilidade são femininas, 35% masculinas, 20% causas mistas e em 10 % dos casos, as investigações não chegam a conclusões definitivas, são as chamadas infertilidades sem causa aparente.

Opções de tratamentos:

Falhando em engravidar, o casal deve consultar um especialista para investigar as causas e opções de tratamentos. São eles: Coito programado – utiliza-se medicamentos para estimular a produção de óvulos na mulher, programando a ovulação e, assim, aumentando as chances de engravidar; Inseminação intrauterina – consiste na colocação de espermatozoides preparados e selecionados no interior da cavidade uterina, por meio de um cateter apropriado no período da ovulação. Pode ser feita com sêmen do companheiro ou de um doador; Fertilização in vitro – é a técnica mais utilizada e com maior taxa de gravidez. É indicada nos casos em que a mulher tem alterações nas trompas, endometriose, problemas de ovulação, ou quando o homem tem número baixo de espermatozoides ou mesmo ausência dos mesmos no ejaculado, ou quando o casal já está tentando engravidar há algum tempo. Os ovários são estimulados com hormônios. Os óvulos são coletados e inseminados com espermatozoides no laboratório. Os embriões resultantes são colocado no útero da mulher.

Congelamento de óvulos é uma alternativa?

Quando a mulher chega na faixa etária de 30 a 35 anos e tem planos de ser mãe no futuro, mas não em curto prazo, o congelamento de óvulos é aconselhável. O congelamento de óvulos deve ser encarado como uma segurança a mais, porém não como garantia absoluta de gravidez. “Importante ressaltar que o congelamento de óvulos não pode ser motivo para postergar a maternidade. Nós congelamos óvulos, não gravidez”– explica a médica Dra. Kazue.

Texto publicado originalmente na Revista Saúde: http://rsaude.com.br/florianopolis/materia/esta-mais-dificil-engravidar-atualmente/14043

quando procurar um especialista em fertilidade

Não consigo engravidar. Quando devo procurar um especialista em fertilidade?

A cada ano aproximadamente 100 milhões de casais tentam ter filhos naturalmente no mundo todo, segundo dados da Organização Mundial de saúde.

A possibilidade de ter filhos faz parte dos sonhos de inúmeros casais. Entretanto, 10% a 15% deles terão dificuldades para realizar esse desejo.

Quando devo procurar um especialista em fertilidade?

De acordo com a ginecologista Mila Cerqueira, o tempo que o casal deve esperar para realizar uma consulta direcionada, depende, principalmente, da idade da mulher.

“Mulheres até 35 anos devem aguardar um ano mantendo relações sexuais regulares para buscar ajuda; quando têm entre 35 e 40 anos, devem aguardar no máximo seis meses; e acima de 40 anos, a ajuda deve ser procurada imediatamente”, aponta.

Caso já tenha sido identificada, no homem ou na mulher, alguma patologia que dificulte a gravidez, a procura pelo especialista em fertilidade deve ser o quanto antes. Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce devem ser alertadas para investigação da reserva ovariana através de exames hormonais, mesmo jovens.

Os casais que apresentam dificuldades estão divididos entre os que possuem problemas de fertilidade feminina (40%), masculina (40%) ou de ambos (20%). Por tudo isso, devemos sempre investigar o casal.

Em relação à mulher, é preciso investigar a ovulação, a anatomia uterina e a permeabilidade das trompas. Quanto ao parceiro, deve-se realizar um exame chamado espermograma.

Deve-se lembrar de que existem estratégias para preservar a fertilidade em mulheres que desejam postergar o momento da maternidade.

Elas devem ser orientadas a procurar um especialista em fertilidade para congelamento de óvulos e utilização futura. O congelamento de óvulos ou de espermatozoides também é de extrema importância em pacientes oncológicos que serão submetidos a tratamento de rádio ou quimioterapia.

Felizmente, os avanços da medicina reprodutiva oferecem possibilidades de tratamentos, podendo, assim, proporcionar ao casal a alegria da paternidade e da maternidade.

 

Texto publicado originalmente na Revista Saúde.

http://rsaude.com.br/florianopolis/materia/nao-consigo-engravidar-quando-devo-procurar-um-especialista-em-fertilidade/14897

 

reprodução assistida para casais homosexuais

Reprodução Assistida para casais homossexuais

Cada vez mais cresce o número de casais homossexuais que têm procurado as clínicas de reprodução assistida em busca de informações e tratamentos para ter filhos biológicos, caracterizando um grande avanço na sociedade moderna.

Reprodução assistida para casais homossexuais

Os casais de mulheres podem recorrer à inseminação artificial ou fertilização in vitro (de acordo com cada caso especificamente). O procedimento consiste em inseminar o óvulo de uma delas, utilizando o espermatozoide de um doador desconhecido (obtido em banco de sêmen).

O óvulo e a gestação são da mesma mulher, ou então há a possibilidade de uma gestação compartilhada, quando é realizada a técnica de fertilização in vitro, em que uma tem o óvulo coletado e fecundado (por espermatozoide de doador desconhecido) e depois esse embrião é implantado no útero da outra, possibilitando a ambas a participação na gestação. Importante ressaltar que a saúde e a idade da mulher são fatores determinantes para a melhor escolha de quem será a mãe biológica e quem levará a gestação.

Os casais de homens contam com a técnica de fertilização in vitro. Neste caso, o processo é mais complexo porque envolve mais pessoas, sendo necessário o óvulo de uma doadora anônima e uma mulher (barriga solidária) que possa gestar o bebê. Neste procedimento o espermatozoide de um dos dois é utilizado na fertilização e o embrião será implantado no útero de uma mulher da família com parentesco até quarto grau.

Reprodução assistida para casais homossexuais | Normas legalizadas

O Conselho Federal de Medicina regulamentou as técnicas de reprodução assistida, permitindo que casais do mesmo sexo tenham acesso aos avanços da medicina reprodutiva para ter filhos. Ou seja, qualquer brasileiro, independente do estado civil ou da orientação sexual, tem o direito de ser pai ou mãe.

A norma reforça que a doação de óvulos e espermatozoides não pode ter caráter lucrativo ou comercial e os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.

Portanto, os casais formados por pessoas do mesmo sexo podem procurar as clínicas de fertilização para concretizar o sonho de ter filhos.